Por que e como calcular o rendimento da poupança?
A poupança é o investimento mais conhecido do Brasil. Mesmo assim, até mesmo muitas pessoas que optam por ela não sabem como calcular o rendimento da poupança. Consequentemente, por conta disso, podem acabar perdendo oportunidades melhores para investir e manter a caderneta tendo rentabilidade real de quase zero.
Idependentemente de qual opção do mercado financeiro seja a escolhida pelo investidor, entender como funcionam os seus ganhos é sempre importante para ter alguma previsibilidade dos resultados e comparar aplicações para adquirir sempre as mais vantajosas.
Adiante, vamos explicar as diferentes formas de calcular a rentabilidade da caderneta de popuança e por que é preciso conhecê-las.
Como calcular o rendimento da poupança?
Na alta da taxa Selic
Quando a taxa Selic está em 8,5% ao ano ou mais, os rendimentos da poupança são calculados com um percentual fixo de 0,5% mais Taxa Referencial (TR) da data do aniversário de depósito na poupança. A TR é utilizada para correção monetária do FGTS e também da poupança, alíquota que em 2019 está em 0%.
Para esse cálculo considera-se a Selic do mês ultiplicada por 12, que dará o valor anual. Por exemplo, em outubro de 2019 a Selic fechou em 0,48%, que seria uma taxa de 5,76% ao ano. Então, o rendimento da poupança para esse mês seria calculado com fórmula da Selic em baixa, que mostraremos a seguir como funciona.
Na baixa da Selic
Com a taxa ficando abaixo de 8,5% ao ano, aplica-se 70% do acumulado calculado no mês para gerar o rendimento da poupança, novamente com a adição da Taxa Referencial.
No exemplo acima, a rentabilidade da poupança seria de apenas 0,34%, que se refere a 70% da Selic anual do mês mais a taxa referencial de 0% para qualquer um dos dias de outubro de 2019.
A conclusão de ambos os cálculos é que a rentabilidade sempre é maior quando a Selic está em alta, pois 70% da taxa em baixa pode gerar apenas no máximo 0,49% ao mês, sendo que ambas as fórmulas contam com a mesma Taxa Referencial para composição de rendimentos. Assim, mesmo no melhor cenário da Selic em baixa, sua alta ainda pode render 0,01% a mais para o investidor.
Pela regra antiga
A correção da poupança até o dia 3 de maio de 2012 funcionava somente com a aplicação de 0,5% ao mês mais Taxa Referencial — como na regra da Selic em alta —, garantindo para todos os depósitos feitos até essa data a rentabilidade mínima de 6% ao ano.
Por isso, a chamada “poupança antiga” normalmente gera resultados maiores que os depósitos corrigidos pelas regras pós maio de 2012, tendo atingido a marca de 6,17% de rentabilidade no período entre novembro de 2018 e outubro de 2019.
Por que calcular o rendimento da poupança?
Como a poupança teoricamente é uma opção de investimento, especificamente da renda fixa, tem a rentabilidade como um dos quesitos mais importantes para os investidores analisarem e tomarem decisões, a utilizando para comparação de aplicações.
Por exemplo, algumas opções da renda fixa pagam o percentual do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) mais uma taxa fixa de juros, o que ocorre quando o investimento é híbrido. Para efeito de comparação, o IPCA acumulou 2,57% até outubro de 2019, enquanto no mesmo período a poupança somou rendimentos de 3,34%, que são superados facilmente quando a taxa prefixada do investimento híbrido é adicionada.
Para aplicações apenas pós-fixadas, um dos principais índices de cálculo da rentabilidade é a taxa CDI, com juros partindo normalmente de 95% da taxa e superando até os 110%. Considerando o CDI acumulado até outubro de 2019, de 5,14%, a taxa de um investimento pós-fixado balizado pela CDI ficaria entre 4,88% e 5,65% para os primeiros 10 meses de 2019, já acima do que a caderneta rendeu nos últimos 12 meses até outubro do mesmo ano.
Outro motivo pelo qual o cálculo tem de ser conhecido é a necessidade de analisar a própria opção, mesmo não a comparando com outras, caso a poupança esteja no radar do investidor. Nesse caso, é preciso entender se a poupança gera ganhos reais considerando a inflação, o que aconteceu em 2019, já que a inflação do período foi de 2,57%, enquanto os rendimentos da caderneta somaram 3,34%. Porém, elencando esses números, o ganho real fica em somente em 0,77% para o período de quase um ano (somente 0,06% ao mês), o que as demais opções do mercado financeiro facilmente superam.
Na prática, a poupança é uma boa opção para poupar dinheiro, já que é bastante segura e inclusive tem cobertura do Fundo Garantidor de Crédito (FGC). Mas como aplicação financeira, que também serve para guardar, porém com possibilidades de rendimentos mais expressivos, acaba não sendo a melhor escolha quando é comparada com demais investimentos, como fizemos com outros também da modalidade de renda fixa.
Ou seja, calcular o rendimento da poupança não serve apenas para acompanhar ela própria e estudar a viabilidade de investir utilizando-a, mas também para o investidor perceber que pode poupar e ter rentabilidade em outras opções, muitas vezes tão seguras quanto a poupança e também asseguradas pelo FGC.
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