Previdência privada: pense a longo prazo

Risco e rentabilidade são duas coisas que estão ligadas diretamente. Dificilmente, você conseguirá extrair bons ganhos através de investimentos conservadores. Por outro lado, aplicações que possam oferecer rendimentos maiores, geralmente, possuem um grau de risco equivalente.

Por exemplo, fundos indexados a inflação ou que possuem em sua carteira ações, no longo prazo, podem oferecer excelentes rendimentos. Mas ao analisar o dia a dia desses fundos, podemos encontrar certa volatilidade, coisa que até pode assustar o investidor na primeira análise, principalmente quando o foco está com no curto prazo.

Já os fundos de renda fixa, clássica, com boa parte de seus investimentos atrelados a papéis que seguem o DI bem de perto, geralmente não oferece volatilidade alguma e vão remunerar o cotista, de pouco em pouco, dia após dia.

Previdência privada é longo prazo

Olhando vários detalhes sobre os planos de previdência, desde a sua tributação até os rendimentos e riscos que podem nos oferecer, a previdência privada acaba beneficiando o investidor que focar no longo prazo.

Dependendo da forma de tributação, o beneficiário do plano poderá contar com alíquotas de IR na casa dos 10%. Excluindo a própria previdência privada, não existe outro investimento que cobre uma alíquota tão baixa assim de IR.

Com relação às opções de fundos de investimento, para os contribuintes que desejam permanecer no plano, por bastante tempo, existem praticamente três opções:

  • Fundos atrelados à inflação
  • Fundos multimercado
  • Fundos em ações

A primeira opção é sim um produto de renda fixa, mas que pode oferecer certa volatilidade em seu plano de previdência. No curto e médio prazos, o contribuinte que ficar acompanhando o saldo do plano poderá ver seus recursos subindo e descendo, o que é natural.

No longo prazo, os fundos atrelados a inflação tem condições de oferecer rentabilidades muito superiores aos demais fundos de renda fixa. Atualmente, só para se ter uma ideia, o Tesouro IPCA com vencimento mais longo, para 2050 e 2045, vem oferecendo IPCA mais juros de 4,5% ao ano.

Considerando que a inflação a longo desses anos fique próxima dos 3% ao ano, o investidor teria em média uma rentabilidade de 7,5% até os respectivos vencimentos. O Tesouro Selic, que é indexado a própria Selic oferece a rentabilidade próxima dos 6,5%, ou seja, só nesse caso, estritamente, já haveria um ganho de 1%.

No caso dos fundos multimercado as alternativas de investimentos, são praticamente infinitas. Lógico, tudo isso vai depender das regras dos fundos, mas em grande parte, fundos multimercados podem estar liberados para investir até alavancados. Sendo assim, a volatilidade pode ser ainda maior, em comparação aos fundos atrelados à inflação, mas os ganhos podem ser ainda maiores no longo prazo.

Investir em produtos cambiais, para oferecer proteção e rentabilidade extra em momentos de volatilidade com o câmbio, posicionamento em mercado futuro, e inclusive na bolsa de valores, são instrumentos que, em muitos casos estão liberados para os fundos multimercados. Os fundos em ações podem oferecer a possibilidade do investidor se beneficiar de um dos mercados mais descontados do momento.

O Brasil vem se recuperando, e a bolsa vem se valorizando, dia após dia. Para aqueles investidores que compraram ações e conseguiram, de certa forma, replicar a rentabilidade do índice Ibovespa, por exemplo, os ganhos em cinco anos chegaram a 103%! Imagina isso replicado em seu plano de previdência? Que salto que o seu patrimônio não faria? Sendo que estamos tratando somente de cinco anos.

Influência da volatilidade

No curto prazo, os fundos que oferecem exposição ao mercado podem ir para cima e para baixo com certa rapidez, mas, ao focar no longo prazo, o investidor nem se dará conta dessa volatilidade. Um bom exemplo disso é a nossa bolsa de valores. Olhando a trajetória da mesma, dentro de 10 anos, por exemplo, podemos ver que o Ibovespa já se valorizou muito, mas ao analisar os gráficos, é possível ver que houve uma série de altas e baixas.

Fato que traz volatilidade, mas de forma alguma prejudicou o resultado final. Desde dezembro de 2008 até o presente momento, BOVA11 (ETF que segue de perto o Ibovespa) se valorizou em mais de 165%! Dificilmente um investidor conseguiria repetir tal rentabilidade por meio de produtos de renda fixa.

Ao investir em fundos indexados a inflação, não se esqueça, no longo prazo esses fundos vão lhe remunerar com a inflação do período mais juros prefixados. Ou seja, não haverá perdas, a menos que você resgate no curto prazo.